Estudámos o texto - "Como Nasceram as Estrelas"
Existem muitos mitos sul-americanos que falam da maneira como as estrelas encheram o céu. Este mito, contado pela tribo de Yanomamis, começa com uma manhã, tranquila e igual a muitas outras, passada numa povoação.
Os homens da aldeia tinham partido para a caça, de modo que as mulheres pegaram nos seus cestos e foram colher milho para fazer cachapas. O pior é que encontraram muito poucas maçarocas.
- Que safra tão pobre – comentou uma delas. – Passei a manhã toda à procura e tenho o meu cesto quase vazio.
- Vamos pedir ao pequenito – sugeriu uma idosa. – Ele tem muito jeito para encontrar as maçarocas… ainda não percebi como consegue. É tão miudinho e o milho cresce tão alto, mas o certo é que consegue dar com as maçarocas!
E foi assim que uma das mulheres voltou à aldeia para chamar o pequenito.
Encontrou-o junto da avó, que tentava ensinar algumas palavras novas à arara de estimação. São aves espertas, que conseguem aprender a dizer todo o tipo de palavras.
- O pequenito pode ir connosco para nos ajudar a encontrar maçarocas? – perguntou a mulher à avó do rapaz.
- Claro que sim – replicou a avó. – Vá, pequenito, toca a andar.
O pequenito acompanhou a mulher até ao milhal.
- Vê o que consegues encontrar – incitou-o ela.
Como já era de imaginar e tal como a velha previra, o pequenito foi achando maçaroca atrás de maçaroca, até os cestos das mulheres ficarem a abarrotar.
Estas sentaram-se então numa clareira, a tirar o milho das maçarocas. Depois arranjaram umas pedras lisas, com as quais esmagaram os bagos até os reduzirem a farinha.
- Assim teremos muitos bolos e cachapas para dar aos nossos maridos quando eles voltarem da caçada – observou a velha. – Ficarão todos contentes!
O pequenito, porém, sempre que apanhava uma delas distraída, roubava um pouco de farinha para si, escondendo-a dentro do interior oco de talos de bambu.
«Claro que isto não é roubar», disse de si para si. «Como fui eu quem encontrou a maioria das maçarocas de que esta farinha foi feita, tenho todo o direito de ficar com um bom bocado.»
Não tardou que o rapazito juntasse uma quantidade suficiente para fazer uma festa. Pegou nos paus de bambu e voltou para junto da avó, que ficara na aldeia a tomar conta das crianças.
- Avó! Avó! – exclamou. – Quero dar uma festa para todos os meus amigos… Aqui tem a farinha para os bolos. Importa-se de os fazer?
Sacudiu a farinha que trazia dentro dos paus de bambu, juntando uma boa quantidade num monte.
A avó esbugalhou os olhos de surpresa.
- Onde é que arranjaste toda esta farinha, pequenito? – perguntou, espantada.
«Pequenito», cantarolou a arara, imitando-a.
- A avó sabe que eu fui apanhar maçarocas com as mulheres – respondeu o menino. – Ajudei-as a encontrar tantas que me disseram que já tinham farinha que chegasse para os homens.
- Portanto resolveste roubar esta, não foi? – perguntou-lhe a avó.
- Claro que não – mentiu o rapaz. – Elas é que me disseram para tirar a que fosse capaz de carregar.
«Carregar», guinchou a ave.
A avó franziu o sobrolho mas, logo a seguir, o seu rosto abriu-se num sorriso.
- Acredito em ti – disse, deitando mãos ao trabalho na preparação dos bolos.
Não tardou que a casa da avó se enchesse com o odor delicioso dos bolos acabados de cozer… e a abarrotar de crianças, pois o pequenito convidara todos os amigos para a festa.
A avó do rapaz ficou sentada a um canto, juntamente com a arara de estimação, a ver a miudagem a encher a barriga de bolos. Começava a duvidar de que o pequenito tivesse contado a verdade. Se calhar o neto não recebera a farinha mas, sim, roubara-a.
- Será que o meu pequenito é um ladrão? – murmurou.
A arara ouviu a palavra «ladrão» e repetiu-a.
«Ladrão!», guinchou. Como achou a palavra agradável de pronunciar, continuou a repeti-la: «Ladrão! Ladrão!»
As crianças calaram-se.
- Não quero que aquele pássaro maluco nos denuncie – disse o pequenito.
«Ladrão!», gritou a arara.
Sem parar para pensar no que estava a fazer, o rapaz agarrou na ave e cortou-lhe a língua. Alguns contam que depois chegou a fazer o mesmo à avó, para se certificar do seu silêncio. No entanto, é provável que a avó tenha ficado suficientemente assustada com o que acontecera à sua pobre ave para não dar com a língua nos dentes.
A maldade estava consumada. Não havia como voltar atrás. Então, como muitas vezes acontece, as coisas más não ficaram por ali. As crianças, com a barriga cheia como há muito não acontecia, saíram de casa atrás do pequenito e foram soltar todas as outras araras de estimação da aldeia.
Foi então que, com a mesma certeza e lentidão com que o sol nasce pela manhã, o pequenito começou a aperceber-se das maldades terríveis que cometera. Cortara a língua a uma ave, roubara farinha, assustara a avó… o que viria a seguir? Tinham de fugir, as crianças precisavam de se pôr a salvo antes que os pais descobrissem o que haviam feito!
Contudo, para onde poderiam escapulir-se sem serem descobertas pelos adultos?
- Já sei – exclamou o pequenito. – Os crescidos não são bons trepadores porque pesam muito. Subamos para um sítio aonde eles não possam chegar.
- Para onde? – perguntou uma menina, ainda com a boca suja de migalhas.
- Para o céu! – exclamou o pequenito.
- Mas… como? – quis saber um rapaz mais velho.
- Há sempre uma maneira! – declarou o pequenito ao avistar, naquela preciso momento, uma trepadeira grande. Tinha o caule cheio de nós salientes; portanto, seria fácil subir por ela. Pousado na planta estava um beija-flor.
O pequenito segredou algo ao ouvido do beija-flor e logo a ave pegou numa das pontas da trepadeira e voou com ela para o céu, prendendo-a no sítio certo.
- Despachem-se! – incitou o pequenito, começando a subir pela planta, em direcção ao céu. Em breve era seguido por uma fileira de crianças.
Quando as mulheres regressaram à aldeia com os cestos cheios de farinha, prontas para começar a cozinhar para os seus homens, não encontraram os filhos.
Correram para casa da avó do pequenito e encontraram-na a chorar pela sua pobre arara.
- Que aconteceu? – perguntou uma das mulheres.
- Onde estão as crianças todas? – inquiriu outra, aflita.
Nesse instante, uma delas ainda viu as pernas da última criança a subir pela trepadeira, antes de desaparecer no céu.
- Olhem! – gritou a mulher. – Estão além!
Começou a correr em direcção à trepadeira, seguida pelas outras mulheres. Em breve tentavam, desesperadamente, subir pelos nós da planta, a fim de alcançar os filhos.
O pequenito, no entanto, tivera razão. Os adultos jamais conseguiriam ir atrás deles até àquele lugar. A trepadeira não aguentou o peso e desprendeu-se do sítio onde o beija-flor a prendera.
Caiu então por terra com um terrível CRAQUE!, fazendo lembrar uma corda enrolada, e as mulheres, que eram mães, tias e primas, espojaram-se no meio do chão, em grande choro. Nesse dia, porém, o solo foi generoso para elas. Em vez de morrerem todas, pois tombaram de uma grande altura, ao tocar na terra seca e dura, transformaram-se em diferentes animais. Esta estranha mistura de criaturas começou então a galopar, correr, rastejar, saltar e andar por ali fora.
Nessa noite, quando os homens voltaram da caça, em vez de serem saudados pelo cheiro de petiscos e pela gritaria dos filhos, não viram ninguém para além da velha.
Com língua ou sem ela, o certo é que a avó do pequenito ficara completamente muda com o que vira; portanto, nada disse.
Viam-se alguns animais esquisitos a deambular por entre as casas, mas os homens não lhes deram atenção, tão aflitos andavam à procura das mulheres e dos filhos.
- O que lhes terá acontecido? – perguntou um dos caçadores. – Não há sinais de ataque… Deve ter havido aqui alguma bruxaria.
- E o que é aquilo? – exclamou um outro apontando, admirado, para o céu escuro.
Os homens da aldeia ficaram a olhar, espantados, para as estranhas luzes que brilhavam no meio da escuridão, luzes que hoje conhecemos como estrelas.
Depois de a trepadeira cair, as crianças ficaram para sempre presas no céu. Ainda ali estão e nunca envelhecem. As estrelas são os seus olhos a brilhar com as lágrimas que choram pelas terríveis maldades cometidas.
Adaptado de: Ardagh, P. (1999). Mitos & Lendas Sul - Americanas, Círculo de Leitores.
Conversámos sobre os Descobrimentos.
Fizemos a experiência:
Depois preenchemos a nossa Carta de Planificação com a Questão-Problema: Será que a qualidade da farinha influência a solidez da massa?
O que vamos mudar: tipo de farinha (ingredientes)
O que vamos medir: a massa
O que vamos manter e como: o peso de cada uma das farinhas – 50 gramas, as taças e a mesma quantidade de água.
Com a nossa experiência descobrimos que a massa feita com farinha de milho não tem elasticidade e que o pão fica muito menos fofo do que um feito com farinha e trigo.
Estudámos o texto instrucional através de uma receita típica da Venezuela, arepas.
Aprendemos onde podemos encontrar este tipo de textos, em quantas partes está dividido e a fazer uma selecção e categorização das diferentes partes da receita. E claro aprendemos a fazer arepas!!!
Foi uma tarde divertida!
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